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Stablecoin: absolutamente tudo o que você precisa saber sobre moedas estáveis

Stablecoin: absolutamente tudo o que você precisa saber sobre moedas estáveis

8 de dezembro de 2025

Tudo sobre stablecoin

As stablecoins viraram o “dólar digital” do dia a dia no mercado cripto. São usadas para fazer remessa, estacionar capital entre trades, proteger poder de compra em países com moeda fraca e até para liquidação entre grandes instituições. Tudo isso com o objetivo de manter um valor estável, normalmente pareado a uma moeda fiduciária como dólar ou euro.

Neste artigo vamos destrinchar o tema em detalhes: o que é uma stablecoin, por que elas existem, os principais tipos, para que servem, como funcionam por trás, quais são as principais do mercado hoje (incluindo USDC, USDT, USD1, PYUSD, EURC e EURCV), riscos, regulação e pontos de atenção para quem quer usar ou investir.

Por que todo mundo fala de stablecoin?

Quando o Bitcoin surgiu, trouxe junto um “presente de grego” para o usuário comum: volatilidade extrema. Uma moeda que sobe ou desce 10% em um dia é ótima para especulação, mas péssima para fazer folha de pagamento, pagar fornecedor ou guardar capital de giro.

Stablecoins surgem exatamente como resposta a esse problema. A ideia é simples: aproveitar a infraestrutura da blockchain (transferências rápidas, liquidação global, 24/7) sem sofrer as mesmas oscilações de preço de BTC, ETH e companhia.

Hoje elas já são a espinha dorsal de boa parte do mercado cripto:

  • São o par de negociação mais usado em várias exchanges.

  • Funcionam como “porto seguro” em países com inflação alta.

  • Começam a ter uso em pagamentos, remessas e até como colateral de operações institucionais.

De quebra, ficaram tão grandes que bancos centrais começaram a se preocupar com o impacto delas em mercados como o de Treasuries americanos e na própria estabilidade financeira.

O que é uma stablecoin afinal?

Definição direta: stablecoin é um criptoativo desenhado para manter preço estável em relação a um ativo de referência, em geral uma moeda como dólar ou euro.

Na prática, quando você vê “1 USDT = aproximadamente 1 dólar”, a promessa é:

  • Para cada unidade emitida, existe algo em reserva que dá lastro (dinheiro em caixa, títulos, etc.).

  • O emissor se compromete a resgatar ou manter a paridade por meio de mecanismos de mercado.

Três pontos importantes:

  1. Stablecoin não é “dinheiro do governo”. Geralmente é emitida por empresas privadas ou protocolos.

  2. Ela usa blockchain para registro e transferência de valor.

  3. A estabilidade é um objetivo, não uma garantia absoluta. Em vários casos o “peg” (paridade) já foi rompido.

stablecoin o que é

Como as stablecoins tentam manter a paridade

Existem alguns mecanismos para aproximar o valor de mercado da stablecoin do ativo de referência:

  • Lastro em moeda fiduciária (fiat)
    O emissor mantém reservas em dinheiro, títulos públicos de curto prazo e outros ativos super líquidos, em teoria equivalente ao número de tokens emitidos. USDT e USDC são os exemplos mais clássicos.

  • Lastro em criptoativos
    Protocolos como DAI utilizam colateral em BTC, ETH ou outros tokens. Geralmente exigem “sobrecolateralização”: para emitir 100 em stablecoin, você trava 150 ou 200 em cripto, por exemplo, para absorver volatilidade. Lastro em commodities

  • Algumas são ligadas ao ouro ou outros ativos físicos, mantendo o equivalente em reservas custodiadas.

  • Mecanismo algorítmico
    Um algoritmo ajusta oferta e demanda (queima e emissão) para tentar manter o preço enquanto os incentivos funcionam. Esse modelo perdeu credibilidade depois de colapsos famosos como o de TerraUSD.

Na prática, o mercado hoje é dominado por stablecoins com lastro em fiat, que é o modelo mais simples de entender e o que mais agrada a reguladores e instituições.

Para que serve uma stablecoin na vida real?

Alguns usos que já são bem consolidados:

  1. Reserva em “dólar digital”
    Pessoas em países com moeda fraca usam stablecoins atreladas ao dólar para preservar poder de compra sem precisar abrir conta fora ou lidar com burocracia bancária.

  2. Trading e arbitragem
    Traders usam stablecoins como par base em praticamente todas as exchanges. Comprar BTC, vender, “estacionar” em USDT ou USDC e aguardar a próxima oportunidade virou o padrão.

  3. Pagamentos e remessas internacionais
    Mandar USDC ou USDT para alguém do outro lado do mundo pode ser mais rápido e barato do que usar o sistema bancário tradicional. Euro stablecoins como EURC e EURCV começam a entrar nesse jogo para transações em euro.

  4. DeFi: empréstimos, pools de liquidez e yield
    Stablecoins são o combustível de muitos protocolos DeFi. Usuários emprestam, tomam emprestado, fazem farming, etc. Naturalmente isso adiciona camadas de risco que vão muito além do simples “guardar em carteira”.

  5. Liquidação entre empresas e instituições
    Grandes players começam a usar stablecoins para liquidação quase instantânea de obrigações, principalmente em dólar. O crescimento do mercado e o fato de emissores deterem volumes gigantes de Treasuries fez até o BCE ligar o alerta.


    pagamentos via stablecoin

Tipos de stablecoin em mais detalhes

Fiat-colateralizadas

São as mais comuns. O emissor promete: para cada 1 unidade emitida, há 1 unidade da moeda de referência (ou equivalente em títulos e caixa) guardada em reserva, sob custódia de bancos ou instituições reguladas.

Vantagens:

  • Modelo simples de entender.

  • Em geral, volatilidade bem baixa em torno do valor alvo.

  • Agrada mais a reguladores, principalmente quando há transparência de reservas.

Riscos:

  • Você está confiando na empresa emissora e no custodiante.

  • Se as reservas forem mal geridas ou não forem o que dizem ser, o “peg” pode quebrar.

Cripto-colateralizadas

Aqui quem dá lastro são outras criptos, travadas em contratos inteligentes. Em geral exigem colateral maior que o valor emitido para suportar oscilações de mercado.

Vantagens:

  • Menos dependência de bancos tradicionais e custodiantes centralizados.

  • Em tese, maior alinhamento com o ideal de descentralização.

Riscos:

  • Se o mercado entra em queda abrupta, pode haver liquidações em massa.

  • Complexidade alta para o usuário comum.

Lastreadas em commodities

Ligadas ao preço de ouro ou outros ativos físicos. Funcionam como um “token de custódia” daquele ativo.

Algorítmicas

Tentam segurar a paridade via incentivos econômicos e ajustes automáticos de oferta. O histórico recente mostrou que, sem um colateral forte, a confiança desaba rápido.

Panorama das principais stablecoins em dólar

Aqui entram as estrelas do jogo. Vamos passar pelas que você pediu explicitamente: USDT, USDC, USD1 e PYUSD.

USDT (Tether)

  • Maior stablecoin do mundo em valor de mercado, com dezenas de bilhões de dólares em circulação.

  • Emitida pela Tether, ligada à exchange Bitfinex.

  • Reserves hoje são, em grande parte, títulos do Tesouro americano de curto prazo, a ponto de o Tether virar um dos grandes compradores globais de Treasuries e influenciar seus yields.

De um lado, é onipresente em exchanges mundo afora e tem liquidez absurda. Do outro, já enfrentou questionamentos regulatórios, multas e períodos com menos transparência sobre reservas, o que faz muita gente preferir diversificar o risco.

USDC (USD Coin)

  • Emitida pela Circle, em parceria com a Coinbase, sob modelo de reservas 100% em caixa e títulos de alta qualidade, com auditorias regulares e relatórios públicos.

  • Muito usada por empresas e protocolos DeFi que valorizam transparência e integração com o sistema bancário tradicional.

USDC tende a ser percebida como “mais reguladinha” e alinhada com o mainstream financeiro, o que a torna favorita de instituições, mesmo tendo perdido o peg momentaneamente em eventos como a crise do Silicon Valley Bank.

USD1 (World Liberty Financial USD)

  • Stablecoin em dólar lançada pela World Liberty Financial, projeto ligado à família Trump, posicionada como “institutional-ready”.

  • Reserves mantidas pelo custodiante BitGo, com parte relevante em Treasuries de curto prazo, em linha com o modelo de USDT e USDC.

  • O plano da empresa é usar USD1 como base para tokenização de ativos reais (RWA) como petróleo, gás e outros, a partir de 2026.

USD1 é um bom exemplo da nova onda: stablecoin já nasce conectada com produtos de RWA, mirando uso institucional e soberano. A contrapartida é um nível de politização maior em torno do emissor.

PYUSD (PayPal USD)

  • Stablecoin em dólar da PayPal, emitida pela Paxos, com reservas em depósitos bancários e Treasuries de curto prazo, resgatável 1:1 em dólar.

  • Integrada ao ecossistema PayPal e Venmo, com centenas de milhões de usuários, o que a coloca bem posicionada para pagamentos e comércio digital.

Na prática, PYUSD tenta ser a stablecoin “de varejo”, focada em pagamentos e integração com lojistas, mais do que em uso hardcore de trading.

Euro stablecoins: EURC e EURCV em destaque

Enquanto o dólar domina o mercado global de stablecoins, o jogo em euro começou a esquentar com a regulação MiCA na União Europeia.

EURC (Circle)

  • Stablecoin totalmente lastreada em euro, emitida pela Circle, a mesma empresa por trás do USDC.

  • Opera em múltiplas redes, como Avalanche, Base, Ethereum, Solana e Stellar.

  • É MiCA compliant e funciona em modelo de reservas integrais, com resgate 1:1 em euro.

EURC se posiciona como a euro stablecoin mais alinhada à regulação europeia, e vem puxando boa parte do crescimento do mercado de stablecoins em euro depois da MiCA.

EURCV (EUR CoinVertible)

  • Emitida pela Société Générale–Forge, braço cripto do Société Générale. S

  • Criada em 2023, foi reestruturada em 2024 para se tornar uma stablecoin “aberta”, compatível com MiCA e transferível sem whitelists restritivas.

  • Focada inicialmente em uso institucional, como ponte entre mercado tradicional e DeFi.

Com MiCA em vigor, EURC e EURCV são duas das principais forças no mercado de euro stablecoins, que dobrou de tamanho no último ano e já movimenta centenas de milhões de dólares em valor de mercado.

Como comprar e guardar stablecoins na prática

Passo a passo bem direto para quem está começando:

  1. Escolha uma corretora confiável
    De preferência regulada no seu país ou com boa reputação global, histórico de segurança e volume consistente.

  2. Faça o onboarding
    Cadastro, envio de documentos, prova de residência etc. Faz parte das regras de KYC e combate à lavagem de dinheiro.

  3. Deposite moeda fiduciária
    No Brasil normalmente via Pix ou TED. Em outros países, transferência bancária local ou cartão, dependendo da plataforma.

  4. Compre a stablecoin desejada
    Busque pelo par BRL/USDT, BRL/USDC ou equivalente. Em corretoras internacionais, você também encontra USD1 e PYUSD com pares em dólar ou em outras stablecoins.

  5. Decida onde guardar

    • Deixar na exchange é mais simples, porém concentra risco de custódia no intermediário.

    • Enviar para carteira própria (self-custody) aumenta sua soberania, mas transfere a responsabilidade de guardar as chaves com segurança.

Principais riscos das stablecoins

Apesar do nome “estável”, o risco não some, ele só muda de lugar. Os principais:

Risco de lastro e confiança

Se o emissor não tiver reservas suficientes ou se o mercado perder a confiança, o preço pode sair da paridade. Casos emblemáticos mostraram que, em momentos de stress, até stablecoins grandes podem negociar com desconto temporário em relação a 1 dólar.

Risco regulatório

  • O BCE, por exemplo, já alertou que stablecoins grandes podem pressionar o mercado de Treasuries se houver corrida por resgate.

  • Na Europa, MiCA trouxe uma estrutura específica para tokens de dinheiro eletrônico e stablecoins de grande escala.

  • Nos EUA, o ambiente oscila entre mais abertura e mais aperto, com projetos de lei como o Genius Act buscando enquadrar emissores.

O resumo é: o cenário regulatório está em evolução. O que hoje é permitido pode mudar, trazendo novas exigências de capital, transparência e limites de emissão.

Risco de custódia e tecnologia

  • Perda de seed phrase ou chaves privadas significa perder acesso ao saldo.

  • Plataformas podem sofrer hacks, congelamentos ou falência, como já aconteceu no mundo cripto mais de uma vez.

Risco de concentração

O mercado é extremamente concentrado em poucos emissores. Relatórios recentes indicam que Tether e Circle respondem por algo próximo a 90% do volume de stablecoins em circulação, o que torna qualquer problema nesses emissores um risco sistêmico.

Regulação, CBDCs e o futuro das stablecoins

Stablecoins também mexeram com o orgulho dos bancos centrais. De repente, empresas privadas estavam emitindo “quase dinheiro” em escala global.

Respostas a isso:

  • MiCA na União Europeia define regras específicas para emissores de stablecoins, exigindo capital, governança e transparência adicionais, principalmente para tokens significativos.

  • Projetos de CBDC (moedas digitais de banco central) como o euro digital e o Real Digital/Banco Central do Brasil buscam oferecer uma versão pública, regulada e programável da moeda oficial.

Em vários cenários, a tendência não é “ou stablecoin ou CBDC”, mas convivência: stablecoins como camada de mercado e inovação, CBDCs como infraestrutura de base. Em paralelo, bancos privados começam a lançar próprias stablecoins, como o case da qivalis na Europa ou iniciativas do Société Générale com EURCV.

Conclusão: stablecoin é ferramenta, não milagre

Stablecoins são uma peça central da nova infraestrutura financeira digital. Permitem trazer dinheiro tradicional para dentro da blockchain com estabilidade de preço, abrindo espaço para pagamentos globais quase instantâneos, DeFi, tokenização de ativos e inovação em escala.

Mas isso não significa que sejam risco zero. O risco sai do “preço oscila todo dia” e vai para outros lugares: qualidade do lastro, governança, regulações em transformação e concentração de mercado em poucos emissores gigantes.

Quando você olha para USDT, USDC, USD1, PYUSD, EURC e EURCV, está olhando para uma espécie de laboratório global em tempo real: bancos tradicionais, big techs, gigantes cripto e até políticos disputando quem será a camada de confiança do dinheiro digital.

Se a ideia é usar stablecoin com responsabilidade, pense nelas como ferramentas de alto impacto, não como “poupança mágica em dólar”. Estude o emissor, entenda o modelo de reservas, acompanhe regulações e, principalmente, não coloque em nenhum ativo digital um valor que você não suportaria ver travado em caso de problema.

O dinheiro continua sendo seu, mas a arquitetura que o movimenta está mudando rápido. Stablecoins são justamente a interface mais visível dessa transição entre o velho sistema financeiro e o novo mundo dos ativos digitais.

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